Eu encostava na rede que separava "aquela bateria" só pra me sentir submersa, de ritmo...
Ali eu viajava tão longe, acho que nem pensava, apenas sentia...
e ia dando passos, de lado, acompanhando os surdos, mais um passo repique, caixas, tamborins, chocalhos, agogôs.... voltava...
aquilo se repetia, as terças, quintas e domingos...
sempre que podia...
foi ali que aprendi a entrar numa bateria, a dar estes passos de lado por todos os ensaios que ia...
mas era aquela que me fascinava, tinha algo diferente, um molho a mais... me "enfeitiçava"!
e sempre que me perguntavam a resposta era esta: - Se eu conseguir sair em uma bateria,um dia, vai ser na do Mestre Paulão! e ria... impossível! zombaria!?
um belo dia tomei coragem, quanta dificuldade, ah! mas resisti bravamente, era um sonho, uma alegria...
e "aquela bateria" se tornou além de tudo minha terapia, fugia...
ali aprendi a aprender, aprendi a ouvir, aprendi respeito, hierarquia...
aprendi conjunto, aprendi disciplina e também poesia...
olhar pro mestre, pras suas mãos, que no alto desenhavam toda aquela fantasia! quem diria?!
Obrigada Mestre Paulão, por me dar a honra de ter sido um grãozinho de areia, na SUA FEITIÇO BRASILEIRO!