quinta-feira, 26 de abril de 2012

Que raiva!

      Ontem a tarde fui ao médico, cardiologista! É, depois dos trinta passei a frequentar cardiologistas, venci! Os médicos sempre me alertaram, mas eu adorava mostrar meus exames e falar: Tá vendo! Não tenho nada! Me achava...até os trinta, depois dele tive que me conformar.... remédios!! Tenho a pressão alta, genética infalível!!! Então de três em três meses tenho que ir visitá-lo. 
    Quando tenho consulta, já me preparo psicologicamente, são horas de espera, sem brincadeira. Ontem mesmo, cheguei as cinco horas e saí de lá as nove!!!???  Todos que chegaram depois de mim, entraram antes!!! Tava quase surtando, quando a enfermeira me explicou que todos aqueles, passaram na minha frente porquê estavam passando mal e precisavam ser atendidos imediatamente. 
      Meu lado Poliana já aflorou, pois estava no cardiologista, mas várias, várias pessoas estavam bem pior que eu. Oba! Menos mal, eu estava ali só por uma questão de rotina, visita, exames. Ufa!!
         Bom, "Poliana do mal", pois coloquei minha amiga Michelle pra sofrer junto comigo, pelo menos a gente colocava o papo em dia, rsrsrs. Quem me conhece, sabe que 3 horas podem não ser suficientes para colocar o papo em dia, mas tentamos!!!
        Comecei a prestar atenção nas pessoas, tenho este costume, olho e imagino como elas são, onde vivem, viajo, consigo me transportar, imaginar a casa, que tipo de centro de mesa, louça, varal....coisa de gente maluca, como eu. Imagino a voz,  a família, quantos filhos, netos... passa o tempo! Foi quando me deparei com uma senhora, que usava uma malinha de oxigênio - Jesus! Comecei a fazer minha análise, ela devia ter uns setenta, setenta e poucos anos, será que fumava? Pronto! Há uns anos atrás já começaria a ter falta de ar, teria que pegar meu vick, lavar o rosto, sou muito suscetível!  Muito!
          Sou daquele tipo de pessoa, que não pode ver Datena, que não pode parar numa fila de banco e ouvir as conversas trágicas dos outros, que não pode ver um acidente... sou assim! Antes me achava louca, agora prefiro definir como capacidade de se colocar no lugar dos outros! Minha interpretação! Melhorei um pouco,  quando começo a me transportar, viajar, já corto! Tipo: Não, Juliana! Esta experiência pode não ser boa pra você!! Assim consigo me distrair e partir pra outros pensamentos.
            Sei quer fiquei lá, papeando, analisando com Michelle, percebi que Michelle também é meio louquinha feito eu, mas nem tanto. Agora o meu médico, ah! este - sempre me surpreende! Enquanto espero este tempão todo, já  programo  tudo que tenho pra falar, tudo, até as gracinhas por tê-lo esperado tanto!  Inútil! hahahaha. Pois não consigo xingá-lo, ficar de mau-humor, nada. Ele fala muuuuito, sobre todos os assuntos, todos: congressos, últimas notícias do mundo da cardiologia, vida pessoal, lado espiritual, casamento, psicologia, sexualidade, rotina.... ciência, Grécia antiga... é um terremoto de informações, e eu - adoro gente assim! Imagina? Pra mim é um prato cheio, esqueço a demora, a fome, o cansaço e me divirto. 
             Chegamos a conclusão que somos compulsivos, que não é um privilégio nosso, pois  a maioria dos seres humanos são, gargalhamos bastante, me mandou voltar em 3 meses, com o açúcar controlado e pra finalizar falou: Tá com fome?  Quando chegar em casa - saladinha! Então gargalhei, agora sozinha, por dentro... que raiva!
     

terça-feira, 24 de abril de 2012

Para que serve o amor?

"Para que serve o amor
se não pra nos fazer companhia
para iluminar meus dias
pra batucar forte no peito sau-da-de, sau-da-de
para fazermos rimas
para colorirmos a vida, o mundo
para ouvirmos a música mais linda
para nos derramarmos em sorriso
para corarmos, sem jeito
para tremermos, por dentro
pra que serve o amor,
senão pra enfeitar o sujeito
adjetivá-lo, guardá-lo
com todo mimo 
pra que serve o amor
se não para sentirmos!?"





terça-feira, 10 de abril de 2012

A tal cidade submersa...

        Hora de voltar até minha cidade submersa! Só por um instante...
      ...  os que me conhecem há mais tempo, já sabem que vivi por mais de 10 anos em um mundo muito chato!Aprisionada pelo meu próprio cérebro, uma coisa muito louca de explicar, difícil de entender para quem nunca viveu ou pelo menos não conhece alguém que viveu assim! Hoje, há quase um ano que me sinto livre destas amarras, me sinto na obrigação de contar minha experiência para, quem sabe, poder trazer um pouco de esperança e fé para quem sofre deste problema que me acompanhou durante estes anos.
      Síndrome do Pânico, é o nome dela!! Êta  doença chatinha, muito, que de tão perturbadora, não dá pra desejar que nenhum ser a vivencie, nem o pior deles, embora, quando as pessoas acham que não passa de uma frescura, a gente acaba desejando que elas vivenciem pelo menos uma crise, só pra ver quanto é bom! Mas o desejo logo passa...porquê ninguém merece.... 
      Começou há vários anos, eu devia ter uns 19 anos, quebrei a bacia e tive que ficar mais de um mês sem me mexer, deitada, imóvel, mesmo, num calor imenso de janeiro, para que não precisasse fazer uma cirurgia delicada. Foi quando eu sentei numa cadeira de rodas que algo mudou na minha vida, como se tivesse entrado num personagem, senti como se me distanciasse de mim, como se meu cérebro tivesse se dividido em dois, um que era o meu, de sempre e um outro que surgira, de repente, mandão, super autoritário e que por este período fez sua vontade prevalecer, suas regras imperarem. E o meu, enfraquecido, apenas questionava, mas não conseguia vencê-lo, acabava sempre perdendo pra ele, sempre, sempre! 
      Como já diz no nome da síndrome, uma sensação de pânico, toma conta da gente. Pânico mesmo, o corpo em alerta começa a produzir sintomas, como se tivéssemos em perigo extremo! Taquicardia, falta de ar, medo, muito medo, vontade de fugir, sem saber pra onde, tremores, uma certa dormência nas mãos, na língua. O que vem a cabeça é: Vou morrer!!! Tô morrendo!!! E a gente só consegue falar: Tô passando mal, tô passando mal!! Horrível!!! 
      Nas primeiras vezes, não entendi nada, achei que tava com sérios problemas de saúde, queria ir e fui a vários médicos! Todos, que pudessem achar e resolver , o mais rápido possível, o meu problema. Mesmo ouvindo minha mãe dizer que já tinha tido, que devia ser síndrome do pânico, queria achar um médico que não fosse psiquiatra, pra me dar um remedinho bobo, que acabasse com tudo aquilo. Não achei! Não tinha nada físico!! Sabia disso, estava comprovado por vários exames, mas e para acreditar? Outra crise e aquele "outro cérebro" novo que adquiri massacrava minha pobre consciência. Mesmo sabendo que não tinha nada, sofria como se tivesse! 
      Estava levando minha vida normalmente, faculdade, namorado, amigos, de repente - crise! Ficava sozinha  - crise, saía - crise... e assim fui me ilhando, tentando me afastar de tudo que pudesse me dar crises!!! Fui a vários psiquiatras, váááários mesmo! E preciso confessar uma coisa: êta povo estranho!! A grande maioria não olhou na minha cara, não pediu exames, receitou remédio e me mandou fazer exercício, pois exercício libera endorfina, que faz bem para reduzir estresse e ansiedade. Mas, nesta altura, eu na minha ilha, na minha cidade submersa, sem sequer sair de casa sozinha,  achava um absurdo total um médico me mandar fazer exercícios. Como?
       Fui a vários psicólogos também, vááááááários! Alguns me ajudaram um pouco, outros nem tanto, mas qualquer hora faço um blog só sobre médicos e psicólogos - rsrsrsrrs, tenho um monte de histórias pra contar!  Bom, melhorava um pouco, piorava de novo, segui assim, mas sempre ilhada. Minha vida era praticamente dentro de casa, sempre com alguém, só saía quando era obrigada, com alguém também. Este alguém, era quase sempre, minha mãe, mais sempre do que quase, porque me sentia imensamente incomodada de incomodar alguém nesse nível que não fosse - minha mãe!!!! E segui, por longo tempo feito uma "rêmora"  da minha mãe, rêmora é aquele peixe que se prende a um tubarão, pega carona e ainda come os restos da comida dele, lembra? Da escola? Assim que me sentia, um apêndice de minha mãe, isso acabava me irritando e irritando ela também. Muito chato. Acabava ajudando em alguma coisa, pra não parecer um peso morto. Mas a sensação era essa, que vivia a vida dos outros. 
      Melhorei um pouco, tive a Laura, na gravidez melhorei bastante! Sempre me lembro daquela parte de uma música que Beth Carvalho canta: "a cobra não morde uma mulher gestante. Porque respeita seu estado interessante". Era bem assim! Depois piorei de novo. Idas e vindas, idas e vindas. Mas sempre, sempre limitada! As vezes meses, ano sem crise, mas limitada! Foi aí que abracei meu papel de "do lar", confortável para meu estado, sem grandes emoções, eu lá no meu cantinho, me dedicando a família, coisa que eu sabia fazer, sem problemas, sem grandes riscos! Gostava de cuidar dos outros! Mas passava por cima de minha doença, como se ela não existisse! Fingia, tapeava até a próxima crise! E nunca fui até o fim de um tratamento, por falta de grana, por achar que estava sempre enchendo o saco dos outros, por não acreditar mais que em algum momento eu me livraria deste inferno! 
      Me resignei, durante anos, e resignar é engolir, guardar, paralisar diante da vida. Não viajava, não passeava quase, me sentia improdutiva, engordei, adquiri uma pressão alta, açúcar alto, coisas deste tipo. Acabei adquirindo fisicamente o que tinha mentalmente, loucura geral!  Teve a doença do Thi, melhorei um pouco, porque precisava ajudar, não dava pra atrapalhar, já era tudo tão complicado, tinha que me segurar, pra não dar trabalho, pois o trabalho já era imenso. Mesmo porque, o que era o meu problema perto do dele? Era até um absurdo eu pedir ajuda! 
       Isso tudo casada, com uma filha, um irmão acamado, uma mãe cansada.... ê laiá!!! Aos trancos e barrancos, seguimos. Depois Thiago faleceu, muitos especialistas acreditam que tudo isso tem muito há ver com as perdas que sofremos ao longo da vida, não sei....
        Minha mãe descobriu dois super entupimentos nas artérias, tipo 90% e 80% e teve que colocar dois stens e pra melhorar, me apresentou seus documentos, papeladas, tipo, se acontecer alguma coisa comigo: tá tudo aqui, heim!! Eu, de imediato retruquei: Era só o que me faltava!!!! Mas graças a Deus deu tudo certo, Thiago também cumpriu sua missão e nós a nossa, é claro, e tenho certeza que  se libertou de tudo aquilo para um lugar melhor, já havia feito sua limpeza em terra e nós também precisávamos passar por aquilo por algum motivo.
        Passou um tempinho, tudo sobre controle: caí numa depressão!!! Coisa que nunca tinha vivido! Tristeza?!! E muito difícil alguém me ver triste, ainda mais deprimida! Aí preocupei! Síndrome do pânico, mais depressão já era demais....precisava de ajuda!!!!
        Foi quando corri para Sueli, terapeuta holística, espírita, uma pessoa realmente especial, dona de uma paz inabalável, uma paz que te acolhe. Acho que nunca havia me sentido tão bem!! Suas conversas, os florais que me receitou, suas preces, nossa, que alívio, o que imaginava nunca ter fim, a cada consulta, parecia ter um final mais próximo! Para os mais céticos, também fiz um tratamento psiquiátrico, com a Dra. Evelyn, que no primeiro dia, cheguei meio desacreditada, pela porção de tratamentos que já tinha feito, mas ela conseguiu tirar toda cisma que eu tinha de psiquiatras. Me passou uma credibilidade que nunca tinha sequer imaginado, e segui direitinho o tratamento que ela me passou. Perseverei, como nunca tinha conseguido antes!! Que orgulho de mim!! Tomo remédio, sim!! Anti depressivo! Me ajudou muito a sair de tudo isso! Minhas consultas psiquiátricas se espaçaram de um mês, para dois; depois para três, agora para quatro meses. Não tomo mais floral, Sueli me deu alta, mas sinto uma falta dela, já falei que não quero alta! Nem que seja mais espaçado, me sinto bem reservando um tempinho para cuidar do meu lado espiritual e escutando suas sabias conversas. 
            Hoje, fico sozinha, e gosto, saio sozinha, não tenho crises, me sinto liberta,  me sinto independente, capaz de resolver minhas coisas, de ir e vir, fazer o que tenho vontade, me sinto forte para cuidar de minha filha, para arrumar um emprego, para viajar, para ser feliz! E uma sensação tão maravilhosa, que quem faz isso de forma rotineira, normalmente, nem pode imaginar qual o tamanho de minha satisfação! E precisava escrever sobre isso! Não para mim, mas para as pessoas que sofrem com isso, pois quando a gente sofre a gente não acredita! Eu tentava, mas nunca consegui acreditar que sairia dessa. O que quero é deixar um relato de que é possível!!Tem jeito! Tem cura! Não tenho medo de ter de novo? Uma pontinha, confesso! Pois foram tantos anos que é difícil até de acreditar! As primeiras vezes que saí só pela rua, acreditem, eu sorria feito boba! O ar era mais fresco, as ruas, as pessoas, as flores. Como se tivesse minha vida de volta, como se meu cérebro tivesse vencido, definitivamente aquele outro cérebro mandão! 
         Seja o que for que você tenha, seja qual for o mal que te faça sofrer, um dia ele findará! Acredite neste fim, pois a sensação é maravilhosa. Sem preconceito, sem milindres, vá tratar de seu mal! Procure ajuda! Tenha fé! Pois a tua vida é preciosa como a minha é!! A gente precisa viver! A gente perde coisas, como eu perdi várias, no decorrer deste tempo, mas ganha muito também. Aprende muito! Estamos sempre prontos pra voltar a viver!!!

     

domingo, 1 de abril de 2012

"faladeirices"

           Desde pequena tenho esta característica, falo demais!!! Falo mesmo! Sou aquela pessoa que você pensa duas vezes antes de ligar, porque não tá com muita vontade de bater papo, às vezes acho que sou aquela pessoa que as pessoas titubeiam na hora de me perguntar um simples - tudo bem? - vai que eu responda!!!
              Verdade! Estava pensando outro dia no que me levou a gostar de escrever? Deve ser isso! Não dava pra falar o tempo todo!! E também não dava pra guardar tudo pra mim!! Eu sei disso! Ninguém precisa se acanhar de apontar essa minha "faladeirice"! 
              Eu acho que foi assim! Comecei de pequena, tenho uma fita k-7, isso! uma fita k-7 que minha mãe gravou quando eu tinha uns 3 anos falando, falando, falando... e uma das frases que me lembro é: - Didi falou que eu falo tanto, que fico tanto com a boca aberta, que vou acabar engolindo uma mosca!! Didi era minha bisa, o anjo, morou com a gente até meus 12 anos, quando faleceu!  Era o ser mais doce e adorável que conheci! Merece um post só pra ela!
             E segui faladeira e "da pá virada"!! Como quase toda menina, era sempre chamada atenção pelas professoras, pedindo silêncio, era a única reclamação que tinham de mim na escola! Mas também nas aulas de redação, me vingava!! Gostava, me dedicava aquilo! Na minha adolescência, tive muitos amores platônicos, resultado: poemas! poemas e mais poemas! E nem adianta pedir, pois rasguei todos...rsrsrsrrs  - essas falas eram só minhas!!
                Foi aí que precisava decidir o que prestar no vestibular! Minhas opções foram: jornalismo, letras, rádio e tv e pasmem -  biologia!! Verdade! Adoro biologia, um dia ainda faço! A primeira que passei foi jornalismo e foi jornalismo que fiz! Uma amiga minha - a Dri era jornalista e eu achava muito bacana tudo que ela me contava! E tenho uma outra característica adoro saber das coisas dos outros. Não é fofoca, não! Não confundam! Gosto de escutar as pessoas! As peculiaridades, as coisas da vida delas, cotidiano, como pensam, como vivem... essas coisas! 
             Pronto! Estava no caminho certo! Achava que estava! Comecei a fazer a faculdade, no Santa Cecília. Primeiro ano, muita teoria, nada de jornalismo. A gente aproveitou pra fazer amizades! Ir bastante ao Zé das Batidas, aquelas coisas! No segundo, já começou a entrar mais textos, e eu, que achava que escrevia, comecei a me interessar mais pelas aulas! Começaram as minhas primeiras decepções! Tinham regras na hora de escrever!? Lead, cabeça, assunto, desenvolvimento, final, manchete! Aiaiai! Eu queria escrever com sentimento! 
                Nisso, meus textos começaram a ficar chatos e quase igual ao de todos ali! Quase, pois tinha os textos de Antonio Dinis! Ah! Os textos de Antonio sim, eram bacanas!! Eram mesmo! Como escrevia aquele meu amigo! E olha que quase não falava!? Perceberam! Quase não falavaaaaaaa!!! Era um rapaz de poucas palavras, humor ácido, daqueles que não queria ser engraçado, pois era tímido, mas acabava sendo! Super crítico nas suas escritas, no seu comentário! E que texto!  Que texto gostoso de ler! Teve um dia que um professor vaidoso teve a petulância de dizer que os textos dele não eram dele! hahahahahahaha Que boçal!
                Saudades deste meu amigo de faculdade! Eramos uma turma muito bacana! Saudades de vários deles! Nancy Geringer, minha super amiga, Cristiano Navarro! Marcos Bijú! A gente se divertia muito! Aprendemos muito juntos, sobre música, histórias em quadrinho, surf, política, viagens.... hahhahahaha tempo bom! Pessoas queridas, muuuuuuuito queridas!! Com Nancy ainda mantenho contato, Cristiano mais esporadicamente, Bijú pelo facebook e olhe lá, mora no Havaí  há anos e nem terminou a faculdade, bodyboarder de "pés de pato" cheios (seria de mão cheia).  Agora Antonio, ví uma ou duas vezes depois que nos formamos, falei algumas vezes! Ainda bem que falo demais e já naquela época falava pra ele o quanto o admirava! Tenho saudades de seus textos, de suas pequenas falas e de nossa amizade!